Ensaio sobre o doloroso e nostálgico fim

sábado, 16 de julho de 2011


Aceitação. Talvez essa seja a palavra para os próximos dias, meses. Eu confesso ser um fã bem conformado. Desde que comprei os ingressos para esse último filme, tinha na mente que “vai ficar tudo bem, não vai acabar”. Acabou. Acabou e eu não sabia como lidar. Só sei que de repente me vi na sala do cinema sentado, olhando para a tela, que já passava os créditos do filme, esperando um último suspiro, que algo mudasse e que no final dos créditos algo fosse anunciado. Ideia tola, claro. Fiquei lá até o final porque depois de 2 horas e 10 minutos de filme, eu queria aproveitar aquele momento. Poder secar as lágrimas e acertar a minha respiração descompassada pós-filme. Não consegui, e mesmo agora, depois de horas que o vi, as lágrimas ainda sobem a cada lembrança que me vem a mente, a cada cena que eu gritei ou soltei um ligeiro “awn”. A sensação é de falta, de perda, de vazio.

2 horas e 30 minutos da tarde dessa sexta-feira, 15. Essa foi a hora que cheguei ao cinema. Cheguei, vi muita gente. Vi pessoas com raios na testa, pessoas com uniformes grifinórios e sonserinos, vi pessoas com uniformes de quadribol e pessoas que ali, naquele tenso momento da espera, liam o seu Relíquias da Morte. O filme começaria as 4 da tarde e lá estava eu, uma hora e meia antes já preparado para o tão esperado final. Entrei na fila e fui ao encontro da Ivy, amiga tão Potteriana quanto eu e que já estava guardando o meu lugar. Sentamos, como todos os outros que estavam na fila. Falamos sobre tudo, falamos sobre nada, ficamos nervosos e principalmente fizemos de tudo para que o tempo passasse mais rápido. Em vão. Faltando 15 minutos para as 16 horas, eles começaram a liberar a entrada. Liberaram de pouco em pouco para evitar tumulto, o que também foi em vão. Chegou a nossa vez e me lembro perfeitamente de dizer para Ivy: “Cara, esquece a vida e corre!”. E foi isso que fizemos. Subimos as escadas rolantes e quando chegamos no andar superior, onde ficavam as salas, corremos. Corri como se estivesse na maratona, como se o mundo fosse acabar, como se minha vida dependesse disso. Depois de alguns desencontros de salas e de invadir salas alheias por engano, chegamos a sala 03, onde o filme seria exibido. Corremos, sentamos numa fileira alta e lá ficamos. Ivy precisou sair, mas lá fiquei eu observado o número considerável de pessoas que entrava por minuto na sala. Em um momento de descontração, um menino com um uniforme da Grifinória e uma menina com um uniforme da Lufa-Lufa foram a frente, bem abaixo da tela e começaram a duelar com suas varinhas. Pura encenação que me fez rir demais, principalmente pelos comentários que ouvi das pessoas que estavam por perto. Com a volta de Ivy, de imediato as luzes se apagaram e começou a magia.

Foi enlouquecedor ver o filme com o cinema cheio. Todos falavam demais durante os trailers, mas ficaram em silêncio perfeito quando o logo da Warner apareceu acompanhado de uma trilha diferente da que estamos acostumados. Mas quem se importaria com a trilha sonora quando a cena inicial já era de arrepiar. Sim, o filme começa exatamente com o fim da parte I: Voldemort pegando a varinha de Dumbledore no túmulo. Sei que um misto de emoções começou e nesse momento eu já tive certeza de que não seria fácil. Gritos em cenas como o beijo de Hermione e Rony, lágrimas em cenas como a morte de Fred. Isso foi a parte II das Relíquias da Morte! Foi chorar e rir em uma mesma cena. Foi se impressionar com as atuações, foi se sentir com 8 anos de idade indo assistir a “um filme legal” mais uma vez. É nostalgia ao extremo!

Com o final do filme se aproximando, a minha sensação era de que aquilo precisava ser prolongado. Eu queria que o filme, que já tinha durado 2 horas, durasse mais duas, mais duas e mais duas e que eu pudesse ficar sempre preso naquela magia. O filme acabou. Ao meu lado, via uma Ivy agarrada a um lenço, imóvel, olhando atentamente pela tela. Ao lado dela, uma menina que eu nem conheço, soluçava. Todos levantaram, bateram palmas, gritaram (eu estou incluido desse “todos”). Eu olhei pra Ivy e ameacei dizer qualquer coisa, mas simplesmente não conseguia formular frases. Tudo que consegui foi dizer: “Tudo bem?”. Ela acenou positivamente com a cabeça, mas eu sabia que não, não estava tudo bem. Se não estava pra mim, pra essa sonserina ao meu lado que não estaria. Levantamos e saímos. Esquecemos qualquer idéia de foto com o pôster que tínhamos anteriormente e simplesmente fomos embora. 

Não falo por ela, mas eu me senti devastado. Como se em 2 horas e 10 de filme algo tivesse sido retirado de mim. E de fato foi. Ver a saga Harry Potter acabar significa pra mim o fim de algo sempre presente na minha vida. Pode parecer bobo e infantil para aqueles que nunca se encantaram pela série, mas eu realmente me sinto triste com tudo isso do fim. Ao mesmo tempo estou imensamente feliz em ver como o final dessa saga foi fiel ao livro, em como ele foi realmente “a chave de ouro”. Estou encantado com tudo isso e ao mesmo tempo desencantado com a idéia de que não teremos mais contagem, nem notícias sobre o próximo filme. De fato, é o fim. Tudo que eu sinto vontade hoje é agradecer a autora dessa magnífica história por ter criado algo que fez parte da minha infância/adolescência. Obrigado J.K. Rowling por me fazer acreditar que a magia existe, não com feitiços ou poções, mas sim dentro da gente. Obrigado pelos ensinamentos de lealdade, de amizade e principalmente por me mostrar que nem sempre o fim é o fim. Obrigado.



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